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'Isolada' nos EUA, Marta revela nova habilidade no dia a dia: cozinhar

Antes de viajar para o Mundial, craque recebeu a visita da reportagem do programa e falou sobre estrutura do futebol feminino e como dribla a solidão

Por Buffalo, Estados Unidos

Quem imagina que Marta, eleita cinco vezes a melhor jogadora do mundo, vive como rainha nos Estados Unidos, está enganado. Além de não ter a presença da família na ponte aérea entre as cidades interioranas de Buffalo e Rochester, no Estado de Nova York (homônimo da badalada cidade), onde treina e defende as cores do Western New York Flash, a camisa 10 da Seleção teve de se acostumar com a excessiva monotonia do lugar e com a falta de popularidade do futebol. Como nos campos, então, improvisou algumas formas de passar o tempo e desenvolveu uma nova habilidade: cozinhar.

Antes, Marta admite que não se metia muito na cozinha, já que almoçava e jantava fora na Suécia e em Los Angeles com frequência, por exemplo. Mas agora precisou encarar o fogão. Segundo ela, no entanto, de suas mãos ainda não sai nada sofisticado.

Veja o programa no vídeo acima e conheça a estrutura do time de Marta!

- A minha vida é bem tranquila, voltada ao futebol, não tem a agitação da Califórnia (onde ela atuou em sua passagem anterior). Nem conheço muita gente aqui. Lá existiam alguns amigos, era mais animado. Então, pelo menos, estou bem concentrada no futebol e agora posso sobressair na cozinha. Há tempo para tentar fazer algo diferente. Mas são coisas bem básicas: arroz, bife, salada, nada muito além disso. Feijão ainda não, demora muito (risos) e aqui não tenho panela de pressão, como se costuma usar no Brasil - disse.

Para driblar a solidão, a amizade da lateral-esquerda Maurine, ex-companheira da época de Santos, tem surtido efeito. As duas ficaram muito próximas.

Marta na partida do New York Flash (Foto: Divulgação)Marta passa por uma adversária em partida do New York Flash (Foto: Divulgação)

-  É de extrema importância (a companhia), nos ajudamos muito. Assim, o tempo passa tão rápido que nem percebemos. Acho que seria difícil para as duas se estivéssemos sozinhas, sem ninguém para conversar, sendo da mesma cultura do país. A vinda da Maurine fez com que eu me adaptasse à equipe e à forma de viver - comentou.

Evolução do futebol

Na WPS (Liga feminina de futebol), são somente seis times profissionais, e o campeonato carece de popularidade. Ainda que a presença de Marta esteja ajudando bastante. A média de público já supera as oito mil pessoas por partida, algo inédito nos Estados Unidos. E há empresários interessados. Como o produtor de carnes local que investe no Flash.

É lógico que o homem é mais forte, mas as meninas se preparam tão bem que você não vê mais moleza no campo. Eu sou caçada e saio com pancadas em toda parte do corpo. Não existe delicadeza, elas metem a porrada mesmo"
Marta

- Não se paga um salário extremamente alto, mas dá para viver. O pessoal do exterior normalmente quando vem é porque tem potencial para jogar na Liga e vai viver só do futebol. Vai te dar condições de se manter. A maioria no Brasil infelizmente não vive só do esporte. É uma opção boa, sim, porém não sabemos o dia de amanhã e o futuro da Liga. Lutamos para que que sempre melhore, para que outras vivam disso - explicou a meia-atacante.

Quanto ao preconceito, Marta crê que há um nivelamento entre homens e mulheres, principalmente em relação à evolução da tática e do preparo físico.

- Não consigo ver essa força física tão menor. É lógico que o homem é mais forte, mas as meninas se preparam tão bem que você não vê mais moleza no campo. Eu sou caçada e saio com pancadas em todas as partes do corpo. Vemos em outros países (a ingenuidade), mas aqui (nos EUA) não existe delicadeza. Elas metem a porrada mesmo.

Nova chance no Mundial

A primeira fase do Mundial reservou ao Brasil rivais tradicionais, como Noruega e Austrália, além de Guiné Equatorial - a estreia é nesta quarta-feira. Mas as atenções já estão voltadas para os Estados Unidos e para a Alemanha, a anfitriã. A craque garante que, depois de vice-campeonatos em competições importantes, o país entra como favorito.

- O Brasil sempre luta para ganhar, mostrou potencial para isso nos últimos anos e vem ocupando bem seu espaço internacional. Já tem o respeito de todos e é visto com outros olhos. Somos sempre favoritos nesses eventos de alto nível - cravou.