No universo literário de Herta Müller, as frases parecem ocultar alguma coisa. É uma linguagem cheia de refúgios e esconderijos, por onde a informação nos chega em fragmentos. Como se ela revestisse sua prosa de uma língua muito própria, para não dizer subjetiva, com imagens que renomeiam as coisas do cotidiano que não podem ser nomeadas diretamente. Mais uma vez encontramos essa poética sutilíssima em "A Raposa já Era o Caçador" (2001), romance no qual a autora, Prêmio Nobel de Literatura de 2009, desvela o cotidiano da Romênia, seu país natal, nos últimos suspiros da ditadura de Nicolae Ceaucescu.
A escrita da desconfiança
Por Heitor Ferraz, Para o Valor — Valor